O recentemente publicado artigo “Outcomes of Redo Transcatheter Aortic Valve Replacement According to the Initial and Subsequent Valve Type” avaliou se a primeira e a segunda prótese de TAVI utilizadas em procedimento de TAVI-in-TAVI interferem no resultado final. Confira abaixo um resumo do artigo.

Base teórica:

Redo TAVI, também conhecido como TAVI-in-TAVI, ou seja, implante de uma prótese de TAVI dentro de uma prótese de TAVI degenerada, pode ser realizado com próteses balão-expansíveis (BE) ou auto-expansíveis (SE).

Objetivo:

Relatar os resultados de procedimentos de TAVI-in-TAVI de acordo com o tipo de prótese utilizada no primeiro procedimento e no procedimento subsequente.

Métodos:

Paciente arrolados no registro Redo-TAVR foram analisados utilizando uma análise propensity weighting de acordo com a prótese utilizada no primeiro procedimento (BE n = 130 vs. SE n = 91) e no segundo procedimento (BE n = 115 vs. SE n = 106).

Sucesso do device foi definido de acordo com o VARC-3 como um desfecho composto de sobrevida livre de morte por qualquer causa, reintervenção relacionada ao device, complicações vasculares maiores, complicações estruturais cardíacas e sucesso técnico (gradiente médio < 20 mmHg e < regurgitação moderada) em 30 dias.

Segurança do procedimento foi definida como um desfecho composto de sobrevida livre de morte por qualquer causa, AVC, sangramento maior, complicação vascular maior, complicação cardíaca estrutural, injúria renal aguda, regurgitação aórtica moderada ou grave, necessidade de implante de marcapasso definitivo, cirurgia ou reintervenção relacionada ao device em 30 dias.

Resultados:

Antes da análise por propensity weighting, pacientes com falha de próteses BE apresentaram-se mais tardiamente que aqueles com falha de próteses SE (4,9 ± 2,1 anos vs. 3,7± 2,3 anos; P < 0,001), apresentavam menor área do orifício efetiva (1,0 ± 0,7 cm2 vs. 1,3 ± 0,8 cm2; P = 0,018) e menor incidência de regurgitação aórtica (16,2% vs. 47,3%; P < 0,001). A prótese subsequentemente utilizada foi BE em aproximadamente metade dos pacientes e SE na outra metade (P =0,234):

  1. Paciente com falha de prótese BE: 72 [55,4%] BE TAVI-in-BE TAVI; 58 [44.6%] SE TAVI-in-BE TAVI
  2. Paciente com falha de prótese SE: 43 [47.3%] BE TAVI-in-SE TAVI, 48 [52,7%] SE TAVI-in-SE TAVI

O tamanho da prótese subsequentemente utilizada foi mais frequentemente pequeno em pacientes em que a primeira prótese foi BE comparado com SE (111 [85,4%] vs. 51 [56,0%]; P < 0,001).

Mortalidade em 30 dias foi 2,3% (TAVI-in- BE TAVI) vs. 0% (TAVI-in-SE TAVI) (P = 0,499) e 1,7% (BE TAVI-in-TAVI) vs. 1,0% (SE TAVI-in-TAVI) (P = 0,612).

Segurança do procedimento 72,6% (TAVI-in-BE TAVI) vs. 71,2% (TAVI-in- SE TAVI) (P = 0,817) e 73,2% (BE TAVI-in-TAVI) vs. 76,5% (SE TAVI-in-TAVI) (P = 0,590).

Sucesso do device foi similar de acordo com a prótese inicial, mas maior quando a segunda prótese foi SE (77,2% vs. 64,3%; P = 0,045), principalmente devido a menores gradientes residuais (10,3 mmHg [8,9-11,7 mmHg] vs. 15,2 mmHg [13,2-17,1 mmHg]; P < 0,001).

Regurgitação residual (≥ moderada) foi similar após BE TAVI-in-TAVI e SE TAVI-in-TAVI (5,7%) e numericamente maior após TAVI-in- BE TAVI (9,1%) vs. TAVI-in- SE TAVI (4,4%) (P = 0,176).

Conclusões:

Em paciente selecionadas, não se observou associação entre o tipo de prótese de TAVI inicialmente utilizada e segurança e mortalidade no procedimento de redo TAVI. Quando a segunda prótese de TAVI utilizada foi uma prótese SE, houve associação com maior sucesso de device devido a menores gradientes residuais.

Principais achados do estudo

  1. Redo-TAVI devido a falha de uma prótese BE apresentou comparáveis desfechos em termos de sucesso do device, segurança e mortalidade em até 1 ano quando comparado com redo TAVI devido à falha de uma prótese SE.
  2. O tipo de prótese de TAVI utilizado no procedimento de redo TAVI não foi associado com segurança precoce ou mortalidade.
  3. O uso de prótese SE para o procedimento de redo TAVI foi associado com maior taxa de sucesso do device comparado com BE, devido a incidência 2x menor de gradientes residuais elevados.
  4. A incidência dos demais desfechos foi baixa e comparável entre próteses BE e SE.

Referência: Landes U, Richter I, Danenberg H, et al. Outcomes of Redo Transcatheter Aortic Valve Replacement According to the Initial and Subsequent Valve Type. J Am Coll Cardiol Intv. null2022, 0 (0) .https://doi.org/10.1016/j.jcin.2022.05.016

 

Resultados de TAVI-in-TAVI- a primeira prótese de TAVI utilizada importa no resultado final?