Acabam de ser apresentados no Congresso Americano TCT os resultados de 5 anos do SURTAVI trial “5-Year Clinical and Echocardiographic Outcomes from the Randomized SURTAVI Trial”.
O SURTAVI foi um ensaio clínico randomizado realizado em 87 centros que randomizou 1.746 pacientes com estenose aórtica grave e risco cirúrgico intermediário (STS médio 4,5%) para serem submetido ao TAVI utilizando as próteses CoreValve ou EVOLUT (prótese auto-expansível supra-anular) ou cirurgia aberta convencional de troca valvar aórtica (SAVR). A maioria dos procedimentos de TAVI foram realizados utilizando a prótese de geração anterior (CoreValve – 84%) e via acesso transfemoral (93,6%). Enquanto os resultados de dois anos deste estudo já haviam sido publicados incialmente, agora são apresentados os resultados a longo-prazo com 5 anos de seguimento.
As características de base da população podem ser vistas na tabela abaixo, destacando-se que a média de idade dos pacientes foi cerca de 80 anos.
O desfecho primário foi composto de morte por qualquer causa ou AVC incapacitante. Outros desfechos incluíram durabilidade, reintervenção relacionada à valva e qualidade de vida.
Como podemos ver na figura abaixo, em 5 anos de seguimento o TAVI foi não-inferior à SAVR no desfecho primário: 31,3% TAVI vs. 30,8% SAVR (HR 1,02, IC 95% 0,85-1,22). Também não houve diferença nos componentes do desfecho primário individualmente: morte (31,3% TAVI vs. 30,8% SAVR; HR 1,02, IC 95% 0,85-1,22; p=0,85); AVC (5,8% TAVI vs. 4,1% SAVR; HR 0,69, IC 95% 0,43-1,1; p=0,12).
Outros desfechos podem ser vistos na tabela abaixo, destacando-se que não houve diferença nos desfechos de endocardite de valva e trombose de valva, com maior incidência de necessidade de implante de marcapasso no grupo TAVI (35,8% vs. 14,6%; p<0,001).
Enquanto os gradientes médios valvares foram significativamente menores pós TAVI (Gradiente médio 8,6 mmHg TAVI vs. 11,2 mmHg SAVR), a taxa de PVL foi menor pós SAVR (PVL leve:27,1% vs. 2,7%; PVL moderado 3,0% vs. 0,7%).
Com base nestes resultados, os autores concluíram que “os resultados a longo-prazo do SURTAVI comparando TAVI de primeira-geração versus cirurgia aberta convencional demonstram similaridade entre os dois procedimentos e encorajam o uso de TAVI”.
Referência:
Van Mieghem NM. 5-year clinician and echocardiographic outcomes from the randomized SURTAVI trial. Presented at: TCT 2021. Orlando, FL. November 5, 2021.