Better Safe Than Sorry in the Transcatheter Mitral Era
No editorial chamado “Better Safe Than Sorry in the Transcatheter Mitral Era”, Paolo Denti discute alguns pontos importantes a serem relembrados antes da indicação de tratamentos percutâneos da valva mitral.
O reparo transcateter borda a borda (TEER) da valva mitral cresceu exponencialmente desde que os resultados do COAPT trial foram publicados. Isso levou a um aumento no número de pacientes de alto risco que foram tratados com sucesso utilizando esta técnica. No entanto, juntamente com este crescimento, observou-se também um aumento no número de pacientes, então considerados de alto risco, que necessitaram de cirurgia cardíaca aberta de emergência após falha do reparo percutâneo.
Neste sentido, o autor ressalta alguns pontos importantes:
- Existem paciente de alto risco que não são inoperáveis, ou seja, pacientes que ainda podem ser operados com um risco aceitável mesmo após falha de um tratamento percutâneo da valva mitral
- Reparo cirúrgico após um caso de falha de TEER é raro, mas não impossível
- Do ponto de vista técnico, ruptura de folheto ou single leaflet attachment, são eventos raros, mas que podem acontecer, portanto, a captura adequada do folheto deve ser cuidadosamente avaliada antes do clipe ser liberado
- A incidência de single leaflet attachment é maior em casos de IM degenerativa que funcional (1% em casos funcionais vs 5% em casos degenerativos).
Em termos de avaliação de grasping, a qualidade de imagem é de extrema importância. Em um paciente com uma janela acústica desfavorável ou se o exame for realizado por um profissional não experiente, pode ser difícil quantificar a quantidade de folheto inserido. Para verificar e confirmar o grasping adequado, deve-se registrar o momento do grasping e medir o comprimento do folheto antes e depois do grasping. Outra manobra é deixar o clip parcialmente aberto (60º) para avaliar melhor o grasping. Um grasping difícil ou “sofrido” pode levar o operador a não querer otimizar ou tentar um segundo grasping.
Com uma boa janela acústica em pacientes com IM degenerativa, com folhetos espessados, mas não calcificados, podemos decidir otimizar o grasping e realizar diferentes tentativas de reparo, já que o risco de um rasgo no folheto é menor que o risco de um futuro detachment.
Referência: Denti P. Better Safe Than Sorry in the Transcatheter Mitral Era. JACC Case Rep. 2022 Jun 1;4(11):663-665. doi: 10.1016/j.jaccas.2022.04.007. PMID: 35677795; PMCID: PMC9168956.