O artigo “The year in cardiovascular medicine 2022: the top 10 papers in interventional cardiology” apresentou os melhores estudos publicados no ano de 2022.

O ano de 2022 será lembrado como o ano de restabelecimento de uma vida quase normal após os anos de pandemia, com a volta de eventos presenciais e no formato híbrido. Abaixo, os 10 principais estudos de 2022 são comentados.

 

  1. Síndrome coronariana aguda

 

Estratégia invasiva precoce versus estratégia convencional em pacientes com SCA sem supra de ST de alto risco (dentro de 24h da admissão hospitalar) foi avaliada em revisão sistemática que incluiu 10.209 pacientes provenientes de 17 ECR. Está análise demonstrou que isquemia recorrente e tempo de permanência hospitalar foram os únicos desfechos reduzidos com uma estratégia invasiva precoce. Não houve diferença em mortalidade, infarto do miocárdio, admissão por ICC, revascularização repetida ou AVC.

 

  1. Terapia anti-plaquetária dupla e intervenção coronariana percutânea complexa

 

Desescalonamento da terapia anti-plaquetária dupla (DAPT) após tempo variável da SCA ou intervenção coronariana tem sido investigada. Uma análise post hoc do HOST-REDUCE-POLYTECH-ACS trial investigou pacientes com SCA submetidos a PCI complexo. Em 705 pacientes recebendo PCI complexo, desescalonamento da dose de prasugrel não aumentou risco de MACE, mas reduziu o risco de eventos de sangramento BARC classe ≥ 2.

Uma subanálise do MASTER-DAPT trial avaliou o efeito de encurtar o tempo de DAPT (1 vs. 3 ou mais meses) em pacientes com alto risco de sangramento submetido a PCI complexo e/ou com SCA. Os resultados sugerem que, em pacientes com alto risco de sangramento, descontinuação de DAPT foi associada com similar NACE e MACCE e menor taxa de sangramento comparado com DAPT tradicional.

 

  1. Cardiopatia isquêmica

 

O REVIVED-BCIS2 trial investigou o impacto da revascularização percutânea versus tratamento clínico otimizado em sobrevida livre de eventos e função ventricular esquerda em 700 pacientes com FEVE ≤35%, doença arterial coronariana extensa factível de tratamento por PCI e com viabilidade miocárdica demonstrada. Em uma mediana de 41 meses, PCI não resultou em menor incidência de morte por qualquer causa ou hospitalização por ICC, nem foi associada com melhora da função ventricular esquerda.

 

  1. Fisiologia intracoronariana e imagem

 

O FLAVOUR trial investigou como o processo de decisão poderia ser refinado usando FFR e IVUS, ambos para indicar necessidade e para guiar revascularização. Em 1682 pacientes avaliados para PCI com estenose moderada, revascularização guiada por FFR foi não inferior ao IVUS em relação ao desfecho composto de morte, infarto do miocárdio e revascularização aos 24 meses. Melhora de sintomas também foi similar. PCI foi mais frequentemente indicada com IVUS, com aumento na utilização de recursos.

 

  1. Doença cardíaca estrutural

Uma análise post hoc do COAPT trial investigou o impacto de TMVr em pacientes com ICC e IM grave com disfunção renal na linha de base. Em 614 pacientes, TMVr com MitraClip melhorou desfechos independente da disfunção renal associada, e reduziu novo início de disfunção renal em estágio terminal e necessidade de terapia de substituição renal.

O CLASP IID trial avaliou a segurança e efetividade do Sistema PASCAL comparado com MitraClip em pacientes com IM degenerativa sintomática e risco cirúrgicos proibitivo. A análise interina de 180 pacientes demonstrou não inferioridade do PASCAL em termos de MACE em 30 dias e redução na proporção de pacientes com IM ≤2 + em 6 meses.

O PROTECTED TAVR trial investigou o impacto de proteção embólica cerebral durante TAVI em uma população de 3000 pacientes. A incidência de AVC em 72 horas após TAVI não diferiu entre os grupos com proteção cerebral e controle.

Os resultados da intervenção mecânica percutânea para tromboembolismo pulmonar foram reportados no registro FLASH, que arrolou 800 pacientes com embolia pulmonar de risco intermediário e alto. A intervenção mostrou-se favorável em termos de perfil de segurança, melhora hemodinâmica e funcional e baixa mortalidade em 30 dias.

 

Referência: Barbato, E., McEntegart, M., & Gori, T. (2023). The year in cardiovascular medicine 2022: the top 10 papers in interventional cardiology. European heart journal, ehac778. Advance online publication. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehac778