No Congresso Americano de Cardiologia (ACC 2022 – Washington, DC) deste ano foram apresentados os resultados da análise de 5 anos comparando a incidência de degeneração valvar estrutural entre pacientes submetidos à troca valvar aórtica convencional versus TAVI utilizando a prótese auto-expansível supra-anular CoreValve. Esses resultados advêm de uma análise de seguimentos dos pacientes arrolados nos estudos SURTAVI (risco intermediário) e CoreValve high-risk (alto risco cirúrgico).

Mais importante que a incidência de degeneração estrutural, no entanto, foi a observação de seu impacto. De acordo com este estudo, pacientes com degeneração estrutural apresentaram o dobro de mortalidade ou necessidade de re-hospitalização comparado com aqueles sem degeneração estrutural.

Durabilidade de próteses transcateter se tornou um assunto de fundamental importância especialmente após a aprovação de TAVI em pacientes de baixo-risco cirúrgico e potencialmente mais jovens.

O que estes resultados indicam é que, em até 5 anos de seguimento, as próteses transcateter são muito comparáveis em termos de degeneração estrutural, se não até melhores, que as próteses implantadas de maneira cirúrgica aberta, sobretudo para pacientes com anéis valvares pequenos.

Esta análise incluiu 1.128 pacientes submetidos ao TAVI e 961 à cirurgia de troca valvar aórtica.

A incidência do desfecho primário, degeneração valvar estrutural foi definida como aumento no gradiente médio de ≥10 mmHg em ecocardiograma realizado na alta hospitalar ou em 30 dias de seguimento com gradiente final ≥20 mmHg OU com novo aparecimento ou piora de regurgitação valvar central ≥ moderada.

Em 5 anos de seguimento, degeneração valvar estrutural ocorreu em 2,57% dos pacientes no grupo TAVI e 4,38% no grupo SAVR (p = 0,0095), sobretudo em pacientes com anel valvar pequeno (≤23 mm; TAVI: 1,39% vs. SAVR 5,86%; p = 0,049), embora sem diferença estatisticamente significativa naqueles com anel grande (>23 mm; TAVI 2,48% vs. SAVR 3,96%; p = 0,067).

Pacientes com degeneração valvar estrutural apresentaram aumento importante de desfechos adversos em 5 anos de seguimento: mortalidade por qualquer causa (HR 1,98; IC 95% 1,42 – 2,76; p<0,001), mortalidade cardiovascular (HR 1,82; IC 95% 1,17 – 2,84; p=0,008), re-hospitalização (HR 2,11; IC 95% 1,19 – 3,74; p=0,01) e desfecho composto (HR 1,96; IC 95% 1,38 – 2, 80; p<0,001).

Em análise multivariada, pacientes com maior área de superfície corporal apresentam maior risco de desenvolver degeneração estrutural, enquanto homens apresentaram menor risco, assim como pacientes mais velhos, com PCI e fibrilação atrial prévia.

Referência: ACC22, Transcatheter Aortic Valve Replacement, Bioprosthesis, Incidence, Hemodynamics, Aortic Valve Stenosis, Heart Valve Prosthesis